O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), voltou a atacar a política externa do governo Lula nesta segunda-feira (4), ao criticar a proposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de criar uma moeda comum entre os países do BRICS. Em uma publicação nas redes sociais, Zema classificou a ideia como uma “ideia de jerico”, expressão popular usada para se referir a algo considerado absurdo ou pouco inteligente.
A declaração de Zema veio após Lula, durante o encontro nacional do PT no domingo (3), reafirmar seu compromisso com a construção de uma alternativa ao dólar nas relações comerciais entre os países do grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
“Por que o presidente insiste nessa ideia de jerico? Ninguém é obrigado a usar moeda nenhuma. Os países negociam em dólar porque é forte e amplamente aceito. O Brasil não tem nada que defender moeda comum dos BRICS. O Brasil tem é que sair dos BRICS”, escreveu Zema, em tom crítico.
Apesar da fala do governador mineiro, os países do BRICS são altamente relevantes para a economia do estado que ele administra. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), os países do bloco representaram, em 2024, cerca de 42% das exportações totais de Minas Gerais.
A fala de Zema não é isolada. Ele já havia se posicionado anteriormente contra a permanência do Brasil no grupo, argumentando que a associação com países de regimes autoritários prejudica os interesses nacionais e compromete a imagem internacional do Brasil.
A proposta de uma moeda comum, no entanto, é discutida entre os membros do BRICS como uma forma de fortalecer a soberania econômica do bloco e reduzir a dependência do dólar em negociações internacionais — especialmente em contextos de sanções ou instabilidades geopolíticas.
Enquanto Lula aposta na integração com os BRICS como forma de ampliar o protagonismo do Brasil no cenário internacional, Zema defende uma aproximação mais firme com economias liberais e desenvolvidas, como Estados Unidos e União Europeia. A divergência evidencia o contraste entre as visões de política externa adotadas pelo Planalto e por representantes da oposição.