Pesquisas recentes apontam que o veneno de abelha, especialmente sua principal substância ativa, a melittina, pode ter um papel importante no combate a tipos agressivos de câncer de mama, como o triple-negative e o HER2-positivo. Estudos de laboratórios e testes em animais mostraram que a melittina consegue destruir células tumorais e impedir o crescimento do câncer, preservando, em parte, as células saudáveis.
A melittina atua criando poros na membrana das células cancerígenas, o que provoca sua morte, além de bloquear sinais de crescimento tumoral. Em um estudo publicado pela Nature Precision Oncology, cientistas do Instituto Harry Perkins, na Austrália, observaram que o composto eliminou células de câncer de mama em menos de uma hora em testes de laboratório.
Apesar dos resultados animadores, os pesquisadores alertam: a terapia ainda não pode ser usada em humanos. O motivo é a alta toxicidade do veneno em doses elevadas — se aplicado de forma livre, ele também destrói células saudáveis e pode causar reações graves.
Para contornar esse problema, centros de pesquisa no Brasil, Austrália, Coreia do Sul e Estados Unidos estão desenvolvendo formas seguras de entrega, como nanopartículas e lipossomas, que liberam a melittina diretamente no tumor, reduzindo riscos e aumentando a eficácia. Essas tecnologias vêm mostrando bons resultados em modelos animais, com menor toxicidade e melhor direcionamento.
A expectativa é que, nos próximos anos, surjam ensaios clínicos em humanos para avaliar segurança e eficácia. Até o momento, não há nenhum tratamento aprovado nem testes de fase 1 registrados oficialmente para o câncer de mama com base no veneno de abelha.
Enquanto isso, cientistas seguem estudando como integrar a melittina a terapias já conhecidas, como quimioterapia e imunoterapia, em busca de resultados combinados mais potentes.
Especialistas reforçam que não há comprovação científica de que picadas de abelha ou produtos apícolas tenham efeito terapêutico contra o câncer. A automedicação ou o uso sem acompanhamento médico pode trazer riscos sérios à saúde.
Mesmo assim, o interesse pela melittina cresce. Além do potencial contra tumores, ela vem sendo estudada para tratar inflamações, infecções e até doenças autoimunes.
Se confirmados em humanos, os resultados poderão representar um avanço promissor na oncologia, mostrando que a natureza ainda guarda segredos poderosos para a medicina moderna — mas, por enquanto, o veneno de abelha continua sendo uma promessa científica, e não uma cura.
🩺 Em resumo:
A melittina, do veneno de abelha, destrói células de câncer de mama em laboratório.
Pesquisadores testam versões seguras com nanopartículas e lipossomas.
Ainda não existem testes em humanos nem tratamento aprovado.
Automedicação com picadas é perigosa e sem eficácia comprovada.
A substância segue como uma das mais promissoras da biotecnologia moderna.