Investigações do Ministério Público de São Paulo (MPSP) e da Receita Federal revelaram que um esquema de lavagem de dinheiro ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC) movimentou cerca de R$ 6 bilhões em quatro anos. A rede criminosa utilizava 267 postos de combustíveis, 60 motéis, empresas de jogos de azar e fintechs para ocultar a origem do dinheiro.
Segundo os promotores, os motéis eram considerados estratégicos para o grupo, já que não existe controle oficial sobre o número de clientes atendidos, o que facilitava a manipulação das receitas. Entre as instituições financeiras investigadas, está a BK Bank, apontada como responsável por movimentar valores em nome da facção. A defesa da empresa nega envolvimento e afirma que a instituição é regulada pelo Banco Central.
Além do uso de empresas de fachada, o esquema envolveu pressão e ameaças a empresários. Donos de postos de combustíveis relataram que foram forçados a vender seus negócios. Em alguns casos, não receberam o valor prometido e tiveram documentos falsificados.
Um dos empresários contou que ouviu de um integrante do grupo: “Você vai vender o posto por bem ou por mal”. Outro relatou intimidações diretas: “Tem pai matando filho por causa de dinheiro. Tem filho matando pai por causa de dinheiro. Se mata muito fácil por causa de dinheiro”.
As vítimas relatam ainda que, mesmo após perderem os estabelecimentos, permaneceram como responsáveis legais por dívidas e fraudes cometidas pela quadrilha, incluindo a venda de combustível adulterado. “Essas pessoas eram vítimas até duas vezes. Primeiro, porque não recebiam, e depois porque respondiam pelos crimes da organização criminosa”, explicou o promotor Sílvio Loubeh.
Um empresário afirmou que sua assinatura foi falsificada em contratos e que, até hoje, negocia com bancos para quitar débitos. “Perdi meu ganha-pão. E aí, a gente fica desesperado”, desabafou outro.
As investigações continuam para identificar todos os envolvidos no esquema e responsabilizar os beneficiários diretos das operações fraudulentas.