No final do último mês, um tribunal de Perth, na Austrália, condenou os pais de uma bailarina adolescente por negligência ao permitir que a filha chegasse ao peso alarmante de 27 quilos. O casal foi acusado de falsificar a idade da jovem para que seu peso parecesse compatível com sua fase de desenvolvimento.

Aos 17 anos, a adolescente estava gravemente desnutrida, com cabelos quebradiços e pele escamosa, correndo risco de parada cardíaca ou morte súbita. Em sua defesa, os pais alegaram que a filha havia escolhido seguir uma dieta vegana e possuía um paladar seletivo.

O advogado do pai, Oliver Paxman, argumentou que a menina não foi privada de alimentação. “Ele a amava e mimava. Ela era livre para comer o quanto quisesse”, declarou. No entanto, a juíza Linda Black destacou que a situação envolvia uma nutrição inadequada e que os pais impediram a filha de crescer e se desenvolver de forma saudável.

Educada em casa e socializada apenas por meio das aulas de dança, a jovem teve seu crescimento físico e intelectual comprometido. De acordo com a juíza, os pais restringiam sua exposição à mídia, permitindo que consumisse apenas conteúdos infantis, como “Teletubbies” e “Thomas e Seus Amigos”.

A situação se agravou quando a adolescente foi hospitalizada aos 17 anos com um índice de massa corporal de apenas 12,5, muito abaixo da faixa saudável (entre 18 e 25). Diante das evidências, a juíza afirmou não acreditar que os pais desconheciam a gravidade do estado da filha. “Não posso aceitar que vocês não tenham notado”, disse Linda Black.

O tribunal condenou o pai da bailarina a seis anos e meio de prisão, enquanto a mãe recebeu uma sentença de cinco anos. A filha, agora com 20 anos, implorou pela libertação dos pais, afirmando acreditar que eles “a amam muito”. No entanto, a corte manteve a decisão, enfatizando a responsabilidade dos genitores pelo sofrimento e prejuízos causados à jovem.