Durante entrevista concedida à CNN nesta terça-feira (5), o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) se irritou ao ser questionado sobre a atuação parlamentar da oposição e a priorização da pauta da anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro. O parlamentar chegou a interromper o jornalista durante a conversa e afirmou que parte da imprensa adota uma abordagem “baseada em achismos”.
A discussão teve início quando o jornalista Gustavo Uribe sugeriu que a direita estaria focada exclusivamente na defesa da anistia, em detrimento de projetos que interessam diretamente à população, como segurança, educação e combate à fome. Uribe também destacou que a decisão pela prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro foi referendada pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), e não apenas pelo ministro Alexandre de Moraes.
Ferreira rebateu dizendo que “houve uma anistia ampla, geral e irrestrita” durante a redemocratização, que também contemplou torturadores da ditadura, e que o mesmo princípio deveria ser aplicado agora. “Eu não estou pedindo anistia apenas para a direita, estou pedindo para todos. Inclusive para quem cometeu crimes muito inferiores aos que já foram perdoados no passado”, afirmou.
O parlamentar também criticou a atuação de Moraes, afirmando que o ministro estaria mais focado em perseguir opositores do que em enfrentar problemas reais do país. “A gente precisa olhar para o saneamento básico, a segurança pública, a educação. Mas quem está ocupando seu tempo com perseguição política é o Judiciário”, declarou.
Ainda na entrevista, Ferreira defendeu o fim do foro privilegiado, questionando por que os casos dos atos de 8 de janeiro estão sendo julgados diretamente pelo STF. Segundo ele, há uma seletividade na condução dos processos judiciais, com “manobras” que levam certos casos à Suprema Corte, enquanto outros permanecem em instâncias inferiores.
Nikolas também mencionou o caso de um condenado por furtar uma bola autografada durante os atos de 8 de janeiro e que, segundo ele, recebeu pena de 17 anos de prisão. O deputado usou o exemplo para argumentar que há desproporcionalidade nas condenações:
“Esse homem está separado da esposa, com um filho recém-nascido e outro de seis anos. Isso não é uma causa profunda?”.
Ao final, o deputado afirmou que a oposição está disposta a colaborar com a pacificação do país, mas que, para isso, seria necessário “dar o exemplo”, começando — segundo ele — por membros do próprio Judiciário.
“Se querem pacificar o país, comecem dando o exemplo. Começando pelo ministro Alexandre de Moraes”, concluiu.