Um fármaco desenvolvido pela UFRJ em parceria com o laboratório Cristália está trazendo esperança para pacientes com lesões graves na medula espinhal. Chamado de Polaminina, o medicamento é derivado da laminina, molécula encontrada na placenta humana com potencial de regenerar neurônios.
Testado desde 2018 em seis pacientes com lesões medulares completas (nível A, sem movimentos ou sensibilidade), o resultado impressionou: cinco deles recuperaram força e movimentos parciais, chegando ao nível C. O caso mais emblemático é o de Bruno Drummond, que após um acidente ficou tetraplégico, mas hoje voltou a andar e movimentar os braços quase normalmente.
Segundo a pesquisadora Tatiana Coelho de Sampaio, responsável pelo estudo, a eficácia está ligada à rapidez da aplicação — quanto antes administrado, melhores os resultados. Em pacientes crônicos, o medicamento também mostrou ganhos, como no caso de Hawanna Cruz, que após três anos da lesão voltou a ter autonomia em parte dos movimentos e até integrou a seleção de rugby em cadeira de rodas.
Apesar do entusiasmo, o Polaminina ainda é experimental. Não passou pelas fases regulatórias da Anvisa, que só permitem o uso em larga escala após testes clínicos controlados. Atualmente, a agência aguarda novos dados para autorizar a fase 1, que deve incluir mais cinco voluntários.
Se aprovado, o medicamento pode iniciar um caminho que leve à disponibilidade em hospitais como o HC e a Santa Casa de São Paulo, parceiros já pré-selecionados. A previsão é de que o processo regulatório leve cerca de três anos.
Para os cientistas, a pesquisa mostra um avanço histórico: pela primeira vez, um fármaco brasileiro mostra potencial real para restaurar movimentos em pessoas tetraplégicas, unindo ciência, inovação e esperança.