Uma médica de 41 anos foi presa na noite deste domingo (22/6) após usar spray de pimenta contra uma família durante uma missa na Catedral Nossa Senhora do Desterro, em Jundiaí, interior de São Paulo. O ataque atingiu diretamente uma empresária, seu marido e a filha do casal, de apenas 2 anos. Outras pessoas também foram afetadas, incluindo uma gestante. A cerimônia religiosa precisou ser interrompida, e a igreja foi evacuada às pressas.
Segundo o boletim de ocorrência, a médica se incomodou com o fato de a criança brincar no corredor da igreja e, por esse motivo, disparou o gás de pimenta contra a família. A empresária e a filha foram atingidas no rosto. A criança teve uma crise de tosse, vômitos e irritação nos olhos, enquanto o pai chegou a cair devido à exposição ao gás.
O produto químico se espalhou rapidamente pela catedral, afetando outros fiéis. A mãe correu com a filha até um hospital, onde a criança recebeu atendimento de emergência.
À polícia, a médica alegou ter agido em “legítima defesa”, afirmando ter se sentido ameaçada. No entanto, os relatos colhidos pela Polícia Civil contradizem essa versão. O delegado responsável classificou a ação como “extremamente desproporcional” e afirmou que a médica colocou em risco a saúde de dezenas de pessoas. Após o tumulto, ela ainda teria usado o spray contra pessoas em situação de rua nas imediações da igreja.
Populares revoltados tentaram cercar o carro da médica, que teve danos causados por moradores. Um vídeo feito por testemunhas mostra o momento em que a Guarda Municipal chega ao local para contê-la e realizar a prisão.
O caso foi registrado no 1º Distrito Policial de Jundiaí como lesão corporal, lesão contra menor de idade e uso de gás tóxico ou asfixiante.
Em nota oficial, a Diocese de Jundiaí lamentou o episódio com “profunda tristeza e firme repúdio”, classificando o ataque como uma “grave violência contra o espírito de comunhão, respeito e fraternidade que deve reinar nos espaços sagrados”.
“A Casa de Deus é, e deve ser sempre, um lugar de acolhimento, consolo e paz — nunca de hostilidade ou intolerância”, escreveu o bispo Dom Arnaldo Carvalheiro Neto.
A Diocese também expressou solidariedade às vítimas e pediu que o caso sirva de reflexão para um compromisso maior com a paz, a tolerância e o respeito mútuo. Até o momento, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo não se manifestou sobre o caso.