O julgamento da trama golpista envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro começou nesta terça-feira (2) no Supremo Tribunal Federal (STF) sob forte repercussão política. Parlamentares de partidos de esquerda, como PT, PSOL e PCdoB, compareceram à corte e celebraram a sessão como histórica, enquanto aliados de Bolsonaro optaram por não comparecer, mostrando desânimo e concentrando esforços em manifestações nas redes sociais.
Diferente da primeira sessão, quando Bolsonaro esteve presente acompanhado de apoiadores, desta vez nenhum bolsonarista marcou presença no Supremo. Nas redes, grupos ligados ao ex-presidente tentam mobilizar a população usando hashtags como #Bolsonarofree e reforçando atos previstos para o 7 de setembro. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) classificou o julgamento como “farsa” e preferiu participar de audiência no Senado, mantendo distância do tribunal.
Enquanto isso, aliados de Bolsonaro apostam em estratégias políticas e possíveis sanções internacionais para avançar com o projeto de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, mas o clima nos bastidores é de expectativa de condenação, com penas que podem ultrapassar 40 anos somadas.
Por outro lado, parlamentares da esquerda celebram a sessão como uma vitória da democracia. A ministra Gleisi Hoffmann, do PT, chamou o julgamento de “encontro marcado com a democracia”, e o deputado José Guimarães afirmou que “ninguém ficará impune por afrontar a democracia e as instituições”. A primeira sessão foi acompanhada pelo líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), e pelas deputadas Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Fernanda Melchiona (PSOL-RS).
Ao chegar ao Supremo, Jandira destacou a lição global que o julgamento representa: “Todo processo mostra que tivemos risco irreversível para a democracia no Brasil. As instituições reagiram, o povo brasileiro reagiu. É uma lição para o mundo.” Lindbergh reforçou que não há espaço para discussão de anistia, classificando qualquer proposta como inconstitucional.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), chegou a Brasília no mesmo dia, após inicialmente declarar que não iria, oficialmente para compromissos da Aneel, mas com expectativa de articulações políticas relacionadas ao julgamento.
Também presente, a ex-presidente da Comissão da Anistia, Enea Stutz, professora da UnB, qualificou a sessão como histórica e serena. Segundo ela, o julgamento reafirma que o Brasil não permitirá tentativas de derrubada da democracia e responsabiliza criminalmente os autores de violações contra o Estado de Direito.
O STF deve manter sessões até o dia 12 de setembro, com ampla cobertura pública e acompanhamento da sociedade.