O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) suspendeu cautelarmente os contratos com a Crefisa, uma das principais instituições financeiras de crédito pessoal do país. A decisão, publicada no Diário Oficial da União (DOU) nesta quinta-feira (21), afeta os novos pagamentos de benefícios previdenciários.
De acordo com o INSS, a medida foi tomada após o mapeamento de diversas irregularidades, entre elas atrasos, recusas de pagamento, limitações para saques e supostos casos de coação para abertura de contas correntes e venda casada de produtos. Também foram relatadas portabilidades indevidas, ausência de informações adequadas aos beneficiários e problemas estruturais nas agências, como filas extensas, falta de caixas eletrônicos e espaços físicos inadequados.
Nos últimos meses, o órgão recebeu reclamações de beneficiários, além de denúncias encaminhadas por Procons, pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Resposta da Crefisa
Em nota, a Crefisa disse ter recebido com surpresa as informações sobre a suspensão e afirmou não ter sido notificada oficialmente pelo INSS. A instituição destacou que, desde 2020, realiza o pagamento de benefícios “sem qualquer interrupção” e que não há registro de segurados que tenham deixado de receber seus valores.
A empresa negou as irregularidades apontadas e rejeitou as acusações de coação, alegando que menos de 5% dos mais de 1 milhão de beneficiários atendidos abriram conta corrente no banco.
“O Banco Crefisa reitera que não praticou qualquer irregularidade e que vem cumprindo integralmente as cláusulas do contrato vigente, respeitando todos os critérios legais e contratuais estabelecidos, reforçando seu compromisso com a ética, a legalidade e a boa-fé contratual”, afirmou em comunicado.
Disputa pela folha de pagamento
No último leilão realizado pelo governo federal, a Crefisa venceu 25 dos 26 lotes que definem quais bancos ficarão responsáveis pelo pagamento de benefícios entre 2025 e 2029.
Fundada há mais de 60 anos, a empresa conta com cerca de 1.000 lojas espalhadas pelo Brasil e oferece crédito inclusive para clientes negativados, com promessa de liberação em até 24 horas.
Posição do INSS
O instituto reforçou que não compactua com práticas que possam causar prejuízos ou constrangimentos aos segurados, especialmente os em situação de vulnerabilidade.
“A transparência e a segurança no atendimento são princípios irrenunciáveis na relação com os beneficiários”, declarou em nota oficial.