O Instituto Americano do Ferro e do Aço (AISI, na sigla em inglês) pediu ao governo Donald Trump que atue para impedir a aquisição das operações de níquel da Anglo American no Brasil pela MMG Limited, mineradora australiana controlada pela estatal chinesa China Minmetals Corporation.
O negócio, anunciado em fevereiro, prevê a compra de 100% das operações brasileiras da Anglo American e deve ser concluído no terceiro trimestre deste ano. Em 2023, essas operações produziram cerca de 40 mil toneladas de níquel, incluindo unidades integradas de mineração e refino.
Temor de domínio chinês
Em ofício enviado ao Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR), o AISI argumenta que o acordo daria à China controle significativo sobre as reservas brasileiras de níquel. Somadas às posições que já detém na Indonésia, o país asiático consolidaria influência sobre quase metade dos recursos mundiais do mineral.
“As reservas globais de níquel estão concentradas em poucos países, sendo a Indonésia a maior detentora, seguida pela Austrália e pelo Brasil. O investimento chinês já garante à China participação substancial na produção global, e a aquisição no Brasil agravaria a vulnerabilidade dos Estados Unidos”, diz o documento.
Relevância estratégica
Cerca de 65% da demanda mundial de níquel está ligada à produção de aço inoxidável. O mineral também é considerado insumo crítico para a indústria de tecnologia e de baterias. Para o setor siderúrgico americano, a transação representa um esforço chinês para ampliar o controle sobre suprimentos estratégicos, em um cenário marcado por subsídios estatais e restrições comerciais.
Apelo ao governo brasileiro
Kevin M. Dempsey, presidente do AISI, conclui o ofício pedindo que o USTR pressione Brasília:
— “É essencial que o governo do Brasil preserve a propriedade orientada pelo mercado desses ativos estratégicos e assegure que o acesso ao níquel permaneça aberto e justo.”
