A esteticista Noelly Michelly Clósimo, de 39 anos, falou publicamente nesta semana sobre o episódio de violência doméstica que sofreu em seu estúdio de trabalho, em Itajubá (MG). O caso, registrado por câmeras de segurança no dia 8 de maio, ganhou repercussão após a divulgação das imagens nas redes sociais.
Segundo Noelly, a decisão de se manifestar foi motivada por sua recuperação emocional, pela repercussão do caso e pelo Agosto Lilás, campanha nacional de combate à violência contra a mulher. Ela também quis esclarecer boatos que surgiram na cidade.
“Decidi contar agora porque estou mais preparada psicologicamente, pela repercussão, por ele ser uma pessoa conhecida no meio da academia e também pelo Agosto Lilás. É importante termos voz, especialmente quando surgem dúvidas sobre o que vivemos”, afirmou.
Noelly relatou que, após o fim de um relacionamento de um ano e três meses, passou a ser procurada de forma insistente pelo ex-companheiro, o fisiculturista Rafael Pedro da Silva, de 28 anos. No dia do ocorrido, ele teria se aproximado com o pretexto de entregar um presente de Dia das Mães. Em seguida, teria insistido em conversar e, segundo a vítima, iniciou uma série de agressões físicas e verbais.
Ela afirma que chegou a desmaiar durante o episódio e foi mantida dentro de um cômodo sob ameaças. Após conseguir acionar a Polícia Militar, o suspeito foi preso em flagrante. A Justiça converteu a prisão em preventiva, e ele foi indiciado por lesão corporal, ameaça e cárcere privado.
A Delegada da Mulher de Itajubá, Karyna Tribst de Campos, reforçou a importância de procurar ajuda assim que surgirem os primeiros sinais de violência. “Ao menor indício, é fundamental denunciar. Os canais estão à disposição: Disque 180, 181, delegacia virtual, o Chame a Frida, unidades policiais e o 190”, explicou.
De janeiro a junho de 2025, Itajubá registrou 367 casos de violência doméstica e familiar, uma média superior a dois casos por dia, segundo dados da Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais.
A advogada Priscila Brandão, presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB de Itajubá, alertou para os sinais iniciais. “Muitas vezes, a violência começa de forma psicológica, com controle excessivo, restrições de convívio e de liberdade. Esses já são sinais importantes a serem observados”, afirmou.
Noelly recebeu apoio da Patrulha de Prevenção à Violência Doméstica, da Polícia Militar, que acompanha vítimas após o registro da ocorrência. O sargento Ricardo de Oliveira Rangel explicou que o acompanhamento é contínuo. “Existe uma rede de apoio psicológico e social que segue prestando assistência.”
Para Noelly, a rede de apoio tem sido essencial. “Denuncie e fique forte. Itajubá tem estrutura para ajudar. Às vezes, o medo e o preconceito atrapalham, mas depois da denúncia, a gente entende que não está sozinha.”.