Um mês após a entrada em vigor da sobretaxa de 50% imposta pelo governo Donald Trump, as exportações brasileiras para os EUA já sentiram os efeitos: queda de 18,5% em agosto na comparação com 2024, segundo o MDIC. Em Minas Gerais, maior exportador de café do país, o impacto é ainda mais forte. Dados do Cecafé apontam redução de 50% nas vendas do grão para os norte-americanos: 300 mil sacas embarcadas em agosto contra 560 mil no mesmo mês do ano passado.
Segundo o presidente do Cecafé, Marcos Matos, empresas dos EUA suspenderam contratos e aguardam definições antes de novos negócios. A retração atinge toda a cadeia, já que o Brasil repassa mais de 90% do valor FOB ao produtor. Para aliviar as perdas, o setor conseguiu junto à Receita diferimento do PIS/Cofins e propôs aumento de crédito presumido até 2026. Ao mesmo tempo, busca diversificar mercados, mirando Índia e China, embora os EUA continuem sendo compradores estratégicos, com mais de 8 milhões de sacas anuais.
Os frigoríficos mineiros também sentem o golpe: a sobretaxa inviabilizou a exportação de couro bovino para os EUA, principal destino do produto. O setor agora redireciona vendas para China, Chile, Egito e Europa, enquanto pressiona o governo estadual por redução de taxas.
A FAEMG defende diplomacia e ampliação da pauta exportadora, incluindo carnes, frutas, açúcar e etanol, para reduzir riscos de queda de preços internos e perda de empregos. Estudo da Fiemg estima que, se mantido por até dois anos, o tarifaço pode gerar prejuízo de R$ 4,7 bilhões para Minas, chegando a R$ 15,8 bilhões no longo prazo, além de cortar mais de 30 mil empregos no curto prazo.
Empresários brasileiros tentam negociar em Washington, mas, segundo o especialista Welber Barral, a sobretaxa está atrelada a questões políticas internas dos EUA, o que deve atrasar uma solução.