Uma poda de árvores realizada na ultima segunda-feira (10/2), na orla da Praça do Piquenique Literário, em Lagoa Santa (MG), resultou na morte de 66 garças e deixou mais de 150 aves feridas. A intervenção, feita durante o período de reprodução da espécie, gerou revolta entre moradores e ativistas
Testemunhas relataram um cenário devastador, com filhotes agonizando no chão, ovos destruídos e corpos de garças espalhados pela área. O resgate inicial foi conduzido por moradores, seguido pelo Grupo de Resgate Animal de Belo Horizonte (GraBH) e pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente (Coman). As aves foram encaminhadas ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do IBAMA para tratamento veterinário.
A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) investiga as circunstâncias da poda. Embora autorizada, a intervenção contrariou diretrizes que proibiam a remoção de árvores com ninhos. Os responsáveis pelo serviço foram autuados e podem responder com base na Lei 9.605/98, que trata de crimes contra a fauna e maus-tratos a animais.
A Prefeitura de Lagoa Santa afirmou que a autorização para a poda incluía orientação expressa para evitar áreas com ninhos. A administração municipal aplicou sanções à empresa contratada e destacou que a maioria dos animais resgatados está sendo monitorada. O prefeito Breno Salomão admitiu falhas na execução do trabalho e anunciou o afastamento de servidores, sem especificar os envolvidos.
A destruição dos ninhos e a morte das aves comprometem a presença da espécie na região nos próximos anos. As garças, essenciais para o equilíbrio ecológico, controlam populações de peixes, insetos e pequenos vertebrados. Especialistas questionam a falta de fiscalização na execução da poda e alertam para a necessidade de maior controle ambiental em intervenções desse tipo.