As imagens de uma câmera corporal desmontaram a versão do sargento Thiago Guerra, da Polícia Militar, sobre a morte da adolescente Victória Manielly dos Santos, de 16 anos, ocorrida na noite de 9 de janeiro, em Guaianases, zona leste de São Paulo. A jovem foi baleada no tórax e não resistiu aos ferimentos. O disparo partiu da arma do próprio sargento, durante uma abordagem ao irmão da vítima, Kauê Alexandre dos Santos, de 21 anos.
Kauê, que trabalha em uma adega no bairro, havia saído do local com a irmã para ver uma movimentação policial próxima. Eles foram abordados pelo sargento, que agrediu Kauê com uma coronhada na cabeça. A arma disparou e atingiu a adolescente, que morreu minutos depois no Hospital Geral de Guaianases.
Inicialmente, o policial apresentou o jovem como suspeito de um roubo ocorrido nas redondezas. Na delegacia, porém, ficou provada a inocência de Kauê — inclusive com a ajuda das imagens da câmera corporal do próprio policial, que mostraram toda a ação.
Mesmo sem envolvimento no crime, Kauê foi levado à delegacia algemado e fotografado como suspeito. As imagens mostram o jovem chorando a morte da irmã. A vítima real do assalto, um eletricista, teve seus pertences recuperados com outro adolescente, de 17 anos, que confessou o crime e isentou Kauê de qualquer participação.
O sargento Thiago Guerra foi preso em flagrante e está detido no presídio militar Romão Gomes. No último dia 22 de maio, o Tribunal de Justiça Militar aceitou a denúncia pelo homicídio da jovem, tornando o policial réu.
A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo afirmou, em nota, que as investigações foram concluídas pela Polícia Civil e pela Corregedoria da PM, e os materiais, incluindo as imagens da câmera corporal, foram encaminhados à Justiça.