O Brasil acaba de alcançar um marco histórico no combate à dengue. A Anvisa concluiu a análise técnica da Butantan-DV, a primeira vacina de dose única contra a doença em todo o mundo, e iniciou os trâmites finais para liberar oficialmente o registro do imunizante. A assinatura do Termo de Compromisso com o Instituto Butantan, marcada para esta quarta (26) em São Paulo, encerra a etapa administrativa e abre caminho para que a vacina seja incorporada ao Programa Nacional de Imunizações.
Embora o registro ainda precise ser publicado, especialistas afirmam que todos os critérios de segurança, eficácia e qualidade foram cumpridos, o que já permitiu ao Ministério da Saúde avançar no planejamento de distribuição das doses. Por enquanto, ainda não há data definida para o início da vacinação no calendário nacional.
A produção da vacina começou antes mesmo da conclusão regulatória. O Butantan já tem mais de 1 milhão de doses prontas para entrega ao Ministério da Saúde. Estudos mostram que a eficácia geral chega a 74,7% entre pessoas de 12 a 59 anos, com proteção de 91,6% para casos graves e 100% para hospitalizações. Os dados são resultado de cinco anos de acompanhamento de mais de 16 mil voluntários, de 14 estados, entre 2016 e 2024.
O pediatra e infectologista Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, considera o desempenho muito positivo e destaca o impacto da produção nacional. Ele lembra que o esquema de dose única facilita a adesão e torna campanhas mais rápidas, especialmente em períodos de aumento de casos. O Butantan também firmou parceria com a empresa chinesa WuXi para ampliar a oferta, com previsão de entregar cerca de 30 milhões de doses no segundo semestre de 2026.
A vacina demonstrou segurança tanto em pessoas que já tiveram dengue quanto em quem nunca foi infectado. Os efeitos colaterais mais comuns foram leves, como dor no local da aplicação, fadiga e dor de cabeça. Eventos graves foram raros e todos os participantes se recuperaram.
A Anvisa já autorizou novos estudos para avaliar a vacina em idosos de 60 a 79 anos e analisa a possibilidade de ampliar o uso para crianças de 2 a 11 anos. O Ministério da Saúde deve anunciar em breve como será a distribuição das primeiras doses disponíveis.


