As investigações sobre as fraudes em descontos irregulares em benefícios do INSS seguem avançando, mesmo após a rejeição de convocações de pessoas que passaram a ser alvo da nova fase da Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal. A avaliação é do presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), senador Carlos Viana (Podemos-MG), e do relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL).
Entre os nomes citados nas investigações estão o senador Weverton Rocha (PDT-MA), o ex-assessor Gustavo Marques Gaspar, o ex-secretário-executivo do Ministério da Previdência Adroaldo Portal, a empresária Roberta Luchsinger e a ex-publicitária Danielle Miranda Fonteles. Apesar de pedidos de convocação terem sido barrados dentro da comissão, os parlamentares destacam que o trabalho da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal (STF) mantém o ritmo das apurações.
Para o relator Alfredo Gaspar, há uma resistência política evidente dentro da CPMI, mas isso não impede o avanço das investigações. “Infelizmente, existem criminosos blindados por interesses políticos. Isso é lamentável. Mas vamos seguir em frente, mesmo diante dessa blindagem e de obstáculos como habeas corpus concedidos pelo STF”, afirmou.
Gaspar ressaltou ainda a atuação conjunta dos órgãos de controle. Segundo ele, a Polícia Federal, por determinação do ministro André Mendonça, tem conduzido um trabalho técnico e aprofundado. “A partir de fevereiro, retomaremos os trabalhos com ainda mais determinação para responsabilizar quem cometeu esses crimes. O Brasil não aguenta mais tanta impunidade”, declarou.
Já o presidente da CPMI, senador Carlos Viana, afirmou que a tentativa de blindagem dentro do colegiado não foi suficiente para barrar as investigações. “A base do governo rejeitou convocações porque sabia que os depoimentos poderiam gerar desgaste político. Mas o que não contavam é que as investigações seguem em duas frentes: na CPMI e, principalmente, na Polícia Federal e no Supremo Tribunal Federal”, disse.
Segundo Viana, o temor de expor determinadas conexões acabou sendo confirmado pelas ações da PF. “Por mais que tentem blindar, não há como escapar da Justiça. Essas pessoas ainda vão prestar contas”, afirmou o senador.
Nomes citados nas investigações
De acordo com a Polícia Federal, o senador Weverton Rocha é apontado como integrante do núcleo político do esquema. As investigações indicam ligação com o lobista conhecido como ‘Careca do INSS’, incluindo o uso de uma aeronave avaliada em R$ 2,8 milhões. Ele foi alvo de mandado de busca e apreensão, mas pedidos de prisão foram negados pelo STF e pela Procuradoria-Geral da República.
Gustavo Marques Gaspar, ex-assessor de Weverton, foi preso na nova fase da operação. A PF identificou transferências financeiras que somam R$ 140 mil relacionadas ao esquema investigado.
Outro preso é Adroaldo Portal, ex-secretário-executivo do Ministério da Previdência, exonerado horas após a ação policial. As investigações apontam movimentações bancárias suspeitas e registros de encontros com o lobista investigado.
A empresária Roberta Luchsinger, amiga de Fábio Luís Lula da Silva (Lulinha), também é citada. Segundo a PF, ela recebeu R$ 1,5 milhão do Careca do INSS. Por decisão judicial, passou a usar tornozeleira eletrônica e está proibida de deixar o país. Lulinha não é alvo da operação.
Já a ex-publicitária Danielle Miranda Fonteles, que atuou em campanhas do PT, é apontada como representante do lobista no exterior. Relatórios indicam o recebimento de R$ 5 milhões. Ela também utiliza tornozeleira eletrônica, embora sua convocação tenha sido rejeitada pela CPMI.
As investigações continuam e novos desdobramentos são esperados nas próximas fases do inquérito.


