A sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, realizada na segunda-feira (3), foi marcada por tensão e surpresa. O presidente da Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA), Abraão Lincoln Ferreira da Cruz, foi preso em flagrante durante o depoimento, acusado de falso testemunho.
A decisão partiu do presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), após o relator Alfredo Gaspar (União-AL) afirmar que o depoente estava omitindo informações e se contradizendo em pontos centrais sobre fraudes em descontos indevidos de benefícios previdenciários.
Durante o interrogatório, Abraão Lincoln preferiu o silêncio em diversas perguntas sobre a atuação da entidade e sua relação com empresas investigadas. Diante das contradições, Carlos Viana decretou: “O senhor está preso”. O dirigente foi conduzido à delegacia do Senado e liberado após pagamento de fiança.
A CBPA é investigada por suposta movimentação irregular de mais de R$ 200 milhões, ligada à cobrança indevida de convênios associativos de aposentados. A CPMI também apura possíveis conexões da confederação com empresas envolvidas em esquemas de fraude no INSS, incluindo o grupo conhecido como “Careca do INSS”.
O episódio marca um ponto de virada na CPMI, que passa a adotar uma postura mais rígida com depoentes que se recusarem a colaborar. Ao mesmo tempo, o caso levanta debate sobre os limites de atuação do Parlamento e a necessidade de que a investigação avance de forma técnica e sem espetacularização.


