O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu que o combate ao crime organizado deve focar em sua base financeira, atacando quem movimenta o dinheiro que sustenta as facções e milícias. Em entrevista coletiva nesta quarta-feira (29), ele afirmou que o problema da violência no Rio de Janeiro tem raízes econômicas e criticou a falta de ação do governo estadual no enfrentamento aos esquemas que abastecem o crime.
“O governo do estado tem feito praticamente nada em relação ao contrabando de combustível, que é o que irriga o crime organizado”, declarou. Segundo o ministro, a Receita Federal tem atuado de forma intensa para combater fraudes envolvendo o setor de combustíveis, com apreensão de navios e bloqueio de cargas suspeitas. “Nós apreendemos quatro navios e há uma guerra jurídica em torno da liberação dessas mercadorias. Penso que o governador deveria nos ajudar em relação a isso.”
Haddad explicou que grande parte dos recursos usados por grupos criminosos vem de práticas como contrabando, fraude tributária, adulteração e simulação de refino de combustíveis. Para ele, atacar apenas a criminalidade visível, nas ruas, não é suficiente.
“Tem que controlar pelo alto, asfixiar o crime. Porque, sem dinheiro, eles têm pouca capacidade de atuação. Está faltando o governo do Rio acordar para esse problema crônico”, afirmou o ministro.
Haddad também ressaltou a importância da PEC da Segurança Pública, que propõe maior integração entre União, estados e instituições como a Receita Federal, Polícia Federal, Ministério Público e governos estaduais. Segundo ele, o texto é essencial para unificar estratégias de combate ao crime.
“O dinheiro que municia o crime vem do andar de cima. Por isso, precisamos agir com inteligência e integração, sem politizar o tema”, concluiu.


