O ministro Alexandre de Moraes, do STF, solicitou ao Ministério da Justiça a extradição de Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do TSE acusado de vazar mensagens sigilosas das duas Cortes. O pedido foi encaminhado ao Itamaraty em 20 de agosto, para formalização junto ao governo da Itália, onde ele se encontra.
Na última sexta-feira (22), o caso ganhou novo desdobramento: o procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou denúncia contra Tagliaferro ao Supremo. Ele é acusado de violação de sigilo funcional, coação no curso do processo, obstrução de investigação sobre organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Segundo a PGR, entre maio e agosto de 2023, quando chefiava a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação no TSE, Tagliaferro teria vazado conversas de servidores do STF e da Justiça Eleitoral, ajudando a difundir informações que favoreceriam uma organização criminosa responsável por ataques às instituições.
A denúncia ainda aponta que, já no exterior, em julho deste ano, ele teria ameaçado divulgar novos dados sigilosos, configurando coação. Para Gonet, o vazamento seletivo buscava enfraquecer investigações em curso e estimular atos antidemocráticos.
A defesa de Tagliaferro classificou as acusações como perseguição e disse que ele foi alvo de apreensão ilegal de celular. Declarou ainda que o ex-assessor apenas confirmou informações já conhecidas e que, durante sua atuação no TSE, recebeu ordens que não podia descumprir, motivo de sucessivos pedidos de exoneração.
Segundo os advogados, ele teme por sua segurança, mas pretende tornar públicos documentos que, segundo afirma, “merecem ser analisados com rigor da lei para a moralização do país”.
