A Polícia Federal (PF) entregou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o relatório final da investigação sobre a suposta tentativa de golpe de Estado, incluindo áudios e mensagens que evidenciam obstrução de Justiça e coação de autoridades. Como resultado, o ex-presidente Jair Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro foram formalmente indiciados. O pastor Silas Malafaia, aliado dos Bolsonaros, foi alvo de busca e apreensão e de imposição de medidas cautelares, porém não foi indiciado.
Um áudio de 25 de julho de 2025 mostra Silas Malafaia instruindo Bolsonaro:
> “ATENÇÃO! Dispara esse vídeo às 12h… Se você se sente participante desse vídeo, compartilhe. Não podemos nos calar!”
A PF considera que esse tipo de orientação configura violação das medidas cautelares do STF e tentativa de coagir o processo.
No celular de Bolsonaro foi encontrada uma minuta (não datada ou assinada) de um pedido de asilo ao presidente argentino Javier Milei, salvo em fevereiro de 2024, logo após a deflagração da Operação Tempus Veritatis. Isso reforça suspeitas de planejamento para fuga.
Mesmo proibido de usar redes sociais, Bolsonaro teria usado um novo celular e intensificado a disseminação de mensagens, incluindo vídeos relacionados à Lei Magnitsky — sanção americana — e à defesa de sua imagem. Ele também admitiu violar ordens do ministro Alexandre de Moraes, contatando aliados por chamada de vídeo em vez de áudios.
Mensagens revelam tentativa de Eduardo Bolsonaro de influenciar autoridades norte-americanas e que seu contato com a equipe do ex-presidente Trump podia escapar da ação da Justiça brasileira.
Ao desembarcar no Aeroporto do Galeão, Malafaia teve seu celular apreendido. Ele foi proibido de deixar o país ou comunicar-se com investigados. A PF identificou que ele exerceu papel de liderança e articulador nas ações de coação, inclusive orientando publicações e ameaçando ministros do STF.
A PF indiciou Jair e Eduardo Bolsonaro pelos crimes de:
Coação no curso do processo, configurando interferência direta na ação penal (Ação Penal 2668/DF).
Obstrução à investigação de organização criminosa.
Abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
O caso seguirá no STF, com possibilidade de abertura de ação penal. O ministro Alexandre de Moraes deu 48 horas para que a defesa de Bolsonaro explique os descumprimentos das medidas cautelares e o risco de fuga. Em paralelo, o julgamento sobre a tentativa de golpe de 2023 está marcado para começar entre 2 e 12 de setembro de 2025.([AP News][6], [Brasil de Fato][9], [The Guardian][7])
Essas revelações expõem tentativas de influenciar o curso da Justiça por vias ilegítimas, articuladas por membros do círculo político de Bolsonaro. A denúncia formal da PF acirra ainda mais o cenário político e jurídico em torno do ex-presidente e seus aliados.
