A moradora de Cana Verde, Luciana Montero, procurou a imprensa para relatar uma denúncia de suposta negligência médica envolvendo o atendimento de sua filha, Yasmin Vitória Monteiro, de 14 anos, na Santa Casa de Campo Belo, Minas Gerais.
Segundo Luciana, sua filha sofreu uma queda no banheiro no dia 17 de junho e foi encaminhada ao Pronto Atendimento da Santa Casa de Campo Belo – MG. Após a realização de um raio-x, a adolescente foi liberada para casa, mesmo com o exame apontando, segundo a mãe, uma fratura no joelho. “O médico mandou ir embora. No raio-x constava que o joelho estava quebrado. Depois de tanto clamar, fiz uma ressonância, que confirmou a fratura com deslocamento do osso”, afirma Luciana.
Ainda conforme o relato, ao retornar à Santa Casa com o novo exame, a médica responsável inicialmente disse não ter identificado nenhuma fratura. Após nova avaliação e a presença de um ortopedista, foi confirmado que seria necessária uma cirurgia de emergência. Porém, segundo a mãe, a unidade hospitalar informou não contar com especialista em joelho para realizar o procedimento.
“Me mandaram buscar um especialista por fora. A cirurgia tinha que ser feita até segunda-feira. Fiz dívida para operar minha filha com urgência em Lavras. O joelho dela precisou de cinco parafusos e um enxerto. Ela está de repouso absoluto, sem poder sair da cama, tudo isso por causa da negligência”, relata Luciana.
A mãe afirma ainda que procurou ajuda da Secretaria de Saúde de Cana Verde e da própria Santa Casa para tentar viabilizar a cirurgia pelo SUS, mas não obteve resposta a tempo. “Eles poderiam ter colocado ela no SUS Fácil. O caso era urgente. Tive gastos com médico e cirurgia, e ninguém deu solução.”
Versão da Santa Casa de Campo Belo
O Diretor Administrativo da Santa Casa de Campo Belo, Anataniel Reis Oliveira, confirmou conhecimento do caso e informou já ter conversado duas vezes com a mãe da paciente. Ele explica que, na primeira consulta, a médica plantonista não identificou fratura no raio-x e solicitou uma ressonância. Dias depois, com os novos exames, a fratura foi confirmada por um ortopedista, que emitiu relatório recomendando cirurgia.
Segundo Anataniel, no momento não havia especialista em joelho disponível na instituição, mas a paciente poderia ser cadastrada no sistema SUS Fácil para realizar a cirurgia em outro hospital. “Explicamos que o processo poderia demorar e que ela também poderia buscar judicialização junto ao Ministério Público para acelerar. Nos colocamos à disposição para fazer o cadastro, mas a mãe não aceitou. Optou por realizar o procedimento com um médico particular em Lavras”, afirmou.
O diretor relatou ainda que, após a cirurgia, a mãe retornou pedindo que a Santa Casa arcasse com os custos. “Expliquei que a médica não fez nenhum procedimento que agravasse a fratura. A fratura ocorreu pela queda e não houve erro médico que provocasse piora no quadro”, disse Anataniel.
Questionado sobre a disponibilidade de atendimento ortopédico na Santa Casa, o diretor confirmou que a instituição continua realizando mais de 10 cirurgias ortopédicas por dia pelo SUS, mas atualmente está sem especialista específico para cirurgias de joelho.
Imagens enviadas por Luciana Montero