A Polícia Civil do Rio Grande do Sul está investigando a morte de Geovane Matias Maciel, de 19 anos, ocorrida durante uma abordagem da Brigada Militar em Bom Jesus, nos Campos de Cima da Serra. O caso, registrado no dia 4 de março, voltou a repercutir nas últimas semanas após a divulgação de um vídeo que mostra Geovane sendo baleado mesmo após estar imobilizado e algemado no chão.
Nas imagens, que começaram a circular nas redes sociais em junho, um policial militar dispara contra o jovem duas vezes enquanto ele já se encontra rendido. O conteúdo foi enviado anonimamente ao Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), o que levou à reabertura e intensificação das investigações.
De acordo com o delegado Carlos Alberto Defaveri, responsável pelo caso, os policiais envolvidos afirmaram, em depoimento, que Geovane estava armado com uma faca e teria reagido à abordagem, o que justificaria os primeiros disparos. O jovem era considerado foragido por envolvimento em diversos crimes, entre eles o incêndio da casa da companheira, furtos e ameaças enviadas por mensagens de áudio.
O delegado confirmou que Geovane foi atingido por quatro tiros no total: dois disparos ocorreram antes do vídeo começar a ser gravado, e os outros dois, já com ele algemado e caído ao chão, foram registrados pelas imagens agora em posse das autoridades.
“Estamos apurando se os primeiros disparos ocorreram em legítima defesa, como relatado pelos agentes. Já os dois tiros finais, registrados no vídeo, não configuram uma ação legítima, uma vez que a vítima já se encontrava detida”, declarou Defaveri.
A Brigada Militar, em nota oficial, informou que os policiais envolvidos foram afastados e que foi instaurado um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar a conduta dos agentes. A prisão preventiva do policial que efetuou os disparos foi solicitada.
O caso gerou forte comoção na cidade e reacendeu o debate sobre o uso excessivo da força por agentes de segurança pública. A família de Geovane aguarda respostas enquanto o inquérito segue em andamento.
