O humorista Léo Lins se manifestou publicamente nesta semana após ser condenado a oito anos e dois meses de prisão, além do pagamento de uma multa de quase R$ 2 milhões, por piadas consideradas ofensivas feitas durante apresentações em 2022. A decisão foi proferida pela Justiça Federal de São Paulo.
Em vídeo publicado nas redes sociais, Léo Lins classificou a sentença como “pesada” e expressou preocupação com o que chamou de riscos à liberdade de expressão e à atuação de artistas do humor no Brasil. Segundo ele, a juíza responsável pela decisão teria utilizado como um dos embasamentos a Wikipédia, plataforma que não é reconhecida como fonte primária de informação. “É como se alguém fosse condenado por homicídio com base na Wikipédia”, ironizou.
O humorista afirmou que vivemos uma “epidemia da cegueira racional”, em que julgamentos seriam baseados mais na emoção do que em argumentos legais sólidos. Ele também questionou a suposta ausência de distinção entre sua figura pública e a persona humorística utilizada nos palcos. “Mesmo com texto, edição, cenário, figurino e palco, isso não foi considerado”, criticou.
Um dos trechos da sentença, segundo Léo Lins, indicaria que mesmo que os conteúdos fossem parte de uma atuação artística, ainda assim configurariam crime — o que, segundo ele, abre um precedente perigoso. “Se mesmo sendo um personagem há crime, isso quer dizer que outros personagens humorísticos ou ficcionais também podem ser considerados criminosos?”, indagou.
Durante o processo, ele afirma que foi questionado pelo promotor se já havia pensado na possibilidade de que as pessoas que pertencem a grupos minoritários e o apoiam poderiam representar uma “minoria dentro da minoria”. Léo disse ter respondido com outra pergunta: “Se o processo é em nome da defesa das minorias, por que essas minorias que me apoiam não estão sendo levadas em consideração?”
O humorista também alegou que, no dia do julgamento, havia mais representantes de minorias a seu favor do que contrários e que, na prática, o direito dessas pessoas à opinião estaria sendo desconsiderado.
A sentença gerou amplo debate nas redes sociais, dividindo opiniões entre apoiadores da liberdade artística e aqueles que defendem limites para conteúdos considerados ofensivos.
A defesa de Léo Lins informou que irá recorrer da decisão.